A incerteza
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC04Ha9v1eaMsOda95_dGyqhyKoxKYHKkEIxHJU2455Mdwif_45FJ4dChm1ClVupM_AUe7RqQTFVI7dCcGGka7CWbZvRn7dqH7y0IqnxIPxSX5E3rzbv_Irmjr4v9rCO_eL23ai-ErRRia/s400/ni.jpg)
A incerteza cai com a tarde
no limite da praia. Um pássaro
apanhou-a, como se fosse
um peixe, e sobrevoa as dunas
levando-a no bico. O
seu desenho é nítido, sem
as sombras da dúvida ou
as manchas indecisas da
angústia. Termina com a
interrogação, os traços do fim,
o recorte branco de ondas
na maré baixa. Subo a estrofe
até apanhar esse pássaro
com o verso, prendo-o à frase,
para que as suas asas deixem
de bater e o bico se abra. Então,
a incerteza cai-me na página, e
arrasta-se pelo poema, até
me escorrer pelos dedos para
dentro da própria alma.