sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

moi...



Sonhei contigo embora nenhum sonho

possa ter habitantes tu, a quem chamo

amor, cada ano pudesse trazer

um pouco mais de convicção a

esta palavra. É verdade o sonho

poderá ter feito com que, nesta

rarefacção de ambos, a tua presença se

impusesse - como se cada gesto

do poema te restituisse um corpo

que sinto ao dizer o teu nome,

confundindo os teus

lábios com o rebordo desta chávena

de café já frio. Então, bebo-o

de um trago o mesmo se pode fazer ao amor,

quando entre mim e ti se instalou todo este espaço -

terra, água, nuvens, rios e

o lago obscuro do tempo

que o inverno rouba à transparência

da fontes. É isto, porém, que faz com que

a solidão não seja mais

do que um lugar comum saber

que existes, aí, e estar contigo

mesmo que só o silêncio me

responda quando, uma vez mais

te chamo.

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