quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,

Se alguma dôr me fere, em busca d’um abrigo;

E apesar d’isso, crês? Nunca pensei n’um lar

Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.

E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.

Nem depois de acordar te procurei no leito,

Como a esposa sensual do Cântico dos Cantos

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo

A tua côr sadia, o teu sorriso terno...

Mas sinto-me sorrir de vêr esse sorriso

Que me penetra bem, como esse sol de inverno.

Passo contigo a tarde, e sempre sem receio

Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.

Eu não demoro o olhar na curva do teu seio

Nem me lembrei jámais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo.

Eu não sei que mudança a minha alma presente...

Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,

Que adoecia talvez de te saber doente.

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