sexta-feira, 22 de maio de 2009

Laranjeira



São as laranjas brasas que mostram sobre os ramos

as suas cores vivas,

ou rostos que assomam

entre as verdes cortinas dos palanquins?

 

São os ramos que se balouçam, ou formas delicadas

por cujo amor sofro o que sofro?

 

Vejo a laranjeira que nos mostra os seus frutos:

parecem lágrimas coloridas de vermelho

pelos tormentos do amor.

 

Estão congeladas, mas, se fundissem, seriam vinho.

Mãos mágicas moldaram a terra para as formar.

São como bolas de cornalina em ramos de topázio,

e na mão do zéfiro há martelos para as golpear.

 

Umas vezes beijamos os frutos

outras cheiramos o seu olor,

e assim são alternadamente

rosto de donzelas ou pomos de perfume.

 

(António Borges Coelho - "Portugal na Espanha Árabe" - Vol. 1, pág. 242 - Edit. Caminho)

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