sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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Há dentro de nós
Outros universos
Que nos dão estranha força;
Estranho poder;
Estranho espanto.
Há dentro de nós
Uma frustração de Ser.
Há dentro de nós
Uma vontade de tudo.
Há dentro de nós
Grossas amarras
Que nos prendem
A esgotadas e caquéticasTranscendências.
Há dentro de nós
Um grito feito lâmina
Que anseia cortar
De uma só vez
As palavras da nossa insignificância.
Ainda somos prisioneiros de nós.
Quando nos julgamos libertos,
Afogamo-nos em demagógicas
Orgias temperamentais.
Somos falhados aprendizes de Vida.
Lavamos no Tempo
Repetidas frustrações
E devoramos em tumultuoso silêncio
A raiva que nasce
Nos sentidos.
Até à descoberta de uma “nova” verdade,
Repousamos no plano vertical
E adormecemos lentamente
Acordando mais tarde
Na singularidade
Troglodítica da existência.

in Eu, O Ser e a Dúvida, de Ângelo Rodrigues

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