quarta-feira, 21 de maio de 2008

Musa do Anonimato

Onde estás Musa divina,
De verbo agradado,
Bondade felina
E rosto tapado?
Onde está essa mulher?
Perdida na Maresia?
Eternamente, como quer?
Tal como nos dizia?
Mulher que tem vestida
A sombra do anonimato
Saudando cada investida
Com elegante trato.
Mulher que não confirma
Os factos da narrativa,
Aos quais, no que afirma
Com subtileza, se esquiva.
Mulher que se escuda
Na desigualdade
Da ave: desnuda
Nesta intimidade.
Mulher que consente
Na boa amizade,
Contudo pressente
Infelicidade?
Mulher que imagino
Quem pudesse ser:
De olhar tão divino
De se embevecer...
A que não me conta
Nem retira a manta,
Mas que me aponta,
Me aguça e me espanta.
Onde está Musa divina
Dos mistérios do amor?
Perdida entre a colina
E a Casa de um trovador?
Ou presa na segurança
Dum parceiro incrustado
De malícias e pujança
Com que a tem tratado?
Onde está essa mulher
Que não sabe aquilo que perde?
Anonimato. É o que quer?
Um Pássaro que não enxergue?
Presa na retina
Dum Pássaro errante
Navega, divina,
Num mar diletante.
Na luz que alucina
A própria lucidez
Brilhas, cristalina,
Mais do que uma vez!
(autor desconhecido)

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